TERCEIROS TÊM 5,5 VEZES MAIS MORTES DO QUE EMPREGADOS PRÓPRIOS
Este cenário catastrófico é realidade no Brasil, pois é cada vez mais complexa e dinâmica, a terceirização de serviços, que se tornou uma estratégia fundamental para otimizar recursos, focar na expertise central e impulsionar a eficiência, assim está instalada a corda bamba em que pesa vida e dinheiro.
Essa prática traz consigo uma série de desafios e riscos, especialmente nas áreas de Segurança, Saúde e Meio Ambiente (SSMA). A gestão inadequada de terceiros pode resultar em acidentes, incidentes ambientais, passivos trabalhistas, multas e danos à reputação da empresa.
Este guia tem como objetivo principal capacitar os profissionais de SSMA a implementar uma gestão de terceiros que não apenas atenda aos requisitos mínimos, mas que alcance a excelência. Ao seguir as orientações deste guia, as empresas podem transformar a gestão de terceiros em uma vantagem competitiva, garantindo a segurança, a saúde, a sustentabilidade e, consequentemente, o sucesso de seus negócios.
INTRODUÇÃO
A gestão de terceiros é um processo complexo e crítico que abrange, escopo do projeto ou serviço, seleção, contratação, monitoramento contínuo do desempenho e conformidade legal e com o próprio contrato a ser firmado entre as partes. Uma gestão eficaz deve enxergar os contratados como parceiros de negócio, visando o sucesso mútuo e a proteção dos trabalhadores, das empresas e da lucratividade.
“Os contratados devem ser vistos como parceiros de negócio e devem se portar também desta forma, pois o sucesso de um é também do outro.”
A Gestão de Terceiros deve ajudar a empresa a:
- Focar os seus esforços na estratégia do negócio.
- Garantir que as empresas contratadas realizem o melhor trabalho possível.
- Assegurar o cumprimento de todas as obrigações legais.
- Controlar os riscos da terceirização (redução / eliminação de riscos trabalhistas, previdenciários e fiscais).
- Mapear riscos como trabalho escravo, mortes, acidentes, falências de empresas.
No entanto, a terceirização não significa necessariamente o fim dos problemas do negócio. É preciso ter cuidado com os riscos, como:
- Risco de segurança cibernética / LGPD / confidencialidade
- Risco operacional / embargo / interdição
- Risco legal / regulatório / conformidade / multa
- Risco de reputação / mídia / Código de Ética
- Risco financeiro / lucro cessante
A Gestão de Terceiros é um dos procedimentos mais complexos implementados por uma empresa e deve ser tratado com muita atenção, pois um deslize pode gerar problemas de altas custas tanto para o terceiro quanto para a empresa contratante. Este processo envolve praticamente todos os principais departamentos da empresa, com o objetivo de salvaguardar, cada um em sua área de atuação, as conformidades legais. A coordenação deste alinhamento de expectativas e necessidades a serem atendidas pelos Terceiros dentro da empresa contratante, geralmente é feito pela área de Suprimentos, que mantém o contato com os terceiros e tem a autorização de negociar valores.
Dentro de sua descrição de cargo, você encontrará suas atribuições e atividades bem descritas, assim como suas autonomias em relação a relacionamentos internos e externos. Por exemplo, tratativas com Ibama, Cetesb, Ima, Imac, Ipaam, Inema entre outros, são permitidas ao pessoal de Meio Ambiente. À Saúde, cabe tratar com VISA – Vigilância Sanitária, Laboratórios de Análises Clínicas entre outros, e para a Segurança, Auditores Fiscais, Peritos, prestadores de serviços para área de Segurança, entre outros. É fundamental que você saiba qual o alcance da sua autonomia.
INÍCIO DA CONTRATAÇÃO
São necessárias 4 etapas preliminares para que o processo seja aberto junto ao pessoal de Suprimentos:
- Verificar a disponibilidade de orçamento: seja CAPEX ou OPEX, a contratação de um serviço deve ter seu valor disponibilizado dentro da empresa no planejamento orçamentário feito no ano anterior e válido para o ano vigente. OBS: é claro que emergências podem aparecer e para isto as empresas têm um valor comissionado ou provisionado para atender estas demandas.
- Elaborar um Memorial Descritivo detalhado: a área contratante deve elaborar um Memorial Descritivo contendo tudo o que se espera do terceirizado. Dentro do SSMA, temos alguns processos difíceis de serem mensurados, se o profissional não tem a bagagem específica, como no caso de um Laudo Ambiental, onde devemos especificar o número de avaliações, turnos, agentes a serem monitorados, a prestação de serviço pode ficar comprometida.
- Realizar uma primeira cotação: de posse do Memorial Descritivo, a área deve identificar um prestador de serviço e realizar uma primeira cotação para assegurar que o valor orçado no ano anterior é suficiente para atender a demanda.
- Abrir o processo de licitação: quando se tem o Memorial Descritivo e o primeiro Orçamento, o contratante (área a que vai ser prestado o serviço), pode abrir o processo de licitação junto à área de Suprimentos, seguindo as normas estabelecidas para tanto.
Onde está a primeira dificuldade ou problema deste processo? No Memorial Descritivo…
Mas antes de verificar os pontos que impactam as questões de SSMA dentro do Memorial Descritivo, vamos entender o papel de cada departamento dentro do processo de contratação, passando por todas as etapas. Vamos lá!
Suprimentos
É a área responsável por manter o contato comercial com os Terceiros. São empresas especializadas num determinado serviço que virão na empresa contratante para realizar um trabalho específico. Não estão inclusos aqui, distribuidores e clientes, que podem ser administrados pela própria força de Vendas e Marketing. No Agro, basicamente nas usinas de açúcar e etanol, há um profissional que compra cana de açúcar de fazendas parceiras. Devido a especificidade do contrato, negociações e necessidade de fidelização do fornecedor, há um departamento especialmente criado para esta função. Assim, pode ocorrer alguma especificidade desta que exija a criação de um departamento específico.
Dentro do Suprimentos, há colaboradores especializados em áreas diferentes, um para TI, outro Produção, outro Manutenção e assim por diante.
Como dito, o único departamento a ter um relacionamento comercial é a área de Suprimentos (salvo exemplos citados acima). Somente eles podem abrir as propostas, equalizar e negociar valores. Cabe a Suprimentos garantir que os demais departamentos emitam relatórios aprovando o fornecedor.
Uma importantíssima ferramenta que o Suprimentos utiliza para classificar o bom atendimento dos fornecedores e prestadores de serviços é através da utilização do IDF – Índice de Desenvolvimento do Fornecedor. Este índice classifica todas as empresas que oferecem produtos e serviços para a empresa e as classifica com uma nota. Esta nota é dada por todos os departamentos da empresa envolvidos na contratação e é uma forma objetiva de corrigir desvios e inclusive de desqualificar uma empresa na prestação de um serviço.
A área de Suprimentos é o grande gerenciador do contrato e para tanto deve ter todas as suas necessidades atendidas.
Você de SSMA não tem autorização da empresa para tratar de assuntos comerciais com prestadores de serviços e terceiros, toda a sua ação limita-se à questão técnica. Esta questão técnica, o Suprimentos não tem, e depende do seu parecer para fechar o melhor contrato. Exemplo é um laudo ambiental, no qual Suprimentos não sabe os números de amostragens, os turnos e os agentes a serem monitorados. Cabe à Segurança do Trabalho especificar em detalhes tudo o que será feito para que na abertura das propostas, possamos ter uma forma de equalizar as propostas e entender qual é a que melhor atende os interesses da empresa, em custo, prazo e qualidade. Neste caso, o profissional técnico pode participar da abertura das licitações para garantir que a questão técnica seja atendida.
Financeiro
Dentro do Financeiro temos várias responsabilidades em vários departamentos e suas atividades são fundamentais para uma boa contratação, tais como:
- Avaliação da saúde financeira da empresa a ser contratada.
- Capacidade em cumprir o contrato.
- Avaliar o contrato, formas e datas de pagamentos.
- Avaliação dos riscos financeiros da contratação.
- Avaliar o fluxo de caixa para não interferir no faturamento da contratante.
Basicamente, isto é feito com os seguintes documentos:
- Contrato Social – que indica os responsáveis pela empresa.
- Certidões negativas – dívidas com justiça federal, estadual e municipal (trabalhista, previdenciária, inadimplência, entre outros).
- Documentos que mostrem o balanço e a movimentação financeira.
Saúde Ocupacional
O ponto mais importante da atuação do pessoal da área da Saúde é verificar se o ASO enviado para aprovação e liberação dos terceiros atende os riscos da contratante e se o ASO está válido. Se tudo estiver em ordem, a empresa pode ser mobilizada.
Alguns documentos devem ser avaliados pela área de Saúde e aqui há muitas dúvidas:
- PCMSO: empresas que ficarão mais de um ano devem produzir o PCMSO dentro da unidade da empresa contratante. Assim, a área de Segurança deve liberar documentos tais como laudos ambientais para permitir que o documento seja elaborado, e o Jurídico deve prever uma cláusula de confidencialidade.
- Caso o contratado for fazer um trabalho específico, o PCMSO não precisa ser feito, mas é necessário que a contratada defina o ASO pela atividade a ser realizada.
- Alguns problemas com ASO:
- Validade expirada
- Falta da assinatura do médico
- Médico não é o indicado para emissão do ASO
- ASO com data errada
- CRM não existe
Outros pontos podem ser acrescentados, mas dependem da situação, grau de risco e dificuldade da realização do trabalho.
Jurídico
Este departamento tem muita importância para o contrato, de forma a garantir que as cláusulas não impactem em problemas legais, que as regras do LGPD sejam atendidas, garantir o sigilo, definir formas de sanção de ambas as partes pela falta de cumprimentos contratuais e definir o fórum para algum caso de divergência.
Lembro que conforme a complexidade do contrato, podem existir outras necessidades, documentos e cláusulas específicas.
Segurança Empresarial
Este é um departamento polêmico e aparentemente serve para liberar acesso aos contratados liberados para trabalharem, com emissão de crachá e controle de acesso, mas o problema é bem maior.
Há dentro da área de Segurança Patrimonial o controle de perdas e isto além de trabalhoso pode ser muito perigoso, pois pode envolver redes de tráfico, receptação, agiotagem, contrabando, espionagem, furtos qualificados, depredações, sabotagem, atentados, vandalismo, furtos, incêndio, atos antissociais, estelionato entre outros.
Podemos classificar tudo acima em 6 grandes e distintos grupos de risco:
- Riscos Institucionais: relacionados à imagem, credibilidade e reputação da organização. Isso inclui a possibilidade de prejuízos à reputação da empresa, perda de clientes ou contratos, e até mesmo a paralisação das atividades.
- Crime contra o patrimônio: envolve ameaças direcionadas aos bens materiais, recursos humanos e intelectuais da empresa. Isso pode incluir apropriação indébita, danos à propriedade, espionagem industrial, estelionato, entre outros.
- Riscos Operacionais: surgem das incertezas relacionadas à estrutura empresarial e podem ser decorrentes de falhas humanas, problemas de infraestrutura, mudanças no ambiente de negócios, entre outros. Exemplos incluem acessos físicos indevidos, acidentes ambientais, falhas nos sistemas de comunicação, entre outros.
- Riscos Sociais: relacionados às interações entre pessoas dentro e fora da organização. Isso inclui ameaças como agressão e violência no local de trabalho, assédio moral, greves de clientes ou fornecedores, entre outros.
- Riscos Naturais: decorrem de desastres naturais que não podem ser controlados pelo ser humano. Isso pode incluir alagamentos, deslizamentos, tempestades, terremotos, entre outros.
- Risco de Desconformidade: refere-se ao não cumprimento de requisitos legais e/ou contratuais estabelecidos em leis, normas ou contratos. Isso pode envolver questões relacionadas ao atendimento de regulamentações legais e acordos firmados.
Acho que eu consegui mostrar para você que o SSMA deve estar muito alinhado com as necessidades da área de Segurança Empresarial, Segurança Patrimonial ou Security (nome em inglês).
Requisitante do Serviço
O requisitante do serviço é a área responsável pelo contrato, a que detém o valor previamente orçado e que vai ter o serviço prestado. Esta área tem como obrigação garantir que o acertado em contrato seja efetivamente realizado pela contratada e para que isto seja atendido em plenitude, todos os departamentos devem comunicar-lhes irregularidades.
Algumas empresas optam por criar duas funções para a gestão de contratos: o Líder do Contrato e o Fiscal do Contrato.
O Gestor do Contrato é o responsável que:
- Fiscaliza os contratos, evitando fraudes, erros ou não execução dos termos.
- Avalia a qualidade dos serviços contratados ou dos produtos entregues pelos fornecedores.
- Garante a segurança dos dados e o sigilo das informações.
- Acompanha possíveis alterações nas legislações, anexando novas regras aos contratos.
O Fiscal do Contrato é quem:
- Acompanha a execução do contrato, verificando o desenvolvimento dos trabalhos.
- Recebe os serviços ou produtos contratados.
- Solicita correções ou ajustes quando necessário.
- Emite relatórios de acompanhamento para subsidiar o gestor.
- Verifica a regularidade das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas.
- Cumpre a lei, respeita as normas procedimentais aplicáveis e o teor contratual.
O papel do SSMA em inspecionar, auditar e acompanhar os terceiros, é fundamental para que o Gestor e Fiscal do trabalho possam ter êxito em suas funções.
Recursos Humanos
O RH pouco influencia na questão da Gestão de Terceiros (desde que o serviço não seja prestado no RH propriamente), mas a ausência deles pode causar um grande estrago. Sob a tutela do RH está o Código de Ética, Código de Conduta e Valores, e um desvio neles pode causar o rompimento do contrato de trabalho.
Quero ser claro: precisamos ser éticos para o bom andamento dos trabalhos e assim, manter a imparcialidade não é a melhor opção, devemos ver o Terceiro / Contratado como parte importante de nossa operação, mas em hipótese alguma podemos tomar partido em algo que não seja a honestidade, a verdade e o correto. Não podemos permitir desvios que coloquem em risco a vida, o patrimônio ou a imagem da empresa.
Pode ser que existam outros players importantes na gestão de contratadas, como por exemplo, TI no caso de um projeto que envolva infraestrutura de dados ou algo similar, podemos ter a inclusão da área de logística caso tenha envolvimento e assim por diante, mas faltou um player fundamental para que tudo rode em conformidade legal e com segurança: a Segurança do Trabalho.
Segurança do Trabalho
A Segurança do Trabalho está aí para garantir conformidade legal, atendimento aos procedimentos internos, eliminação ou mitigação de riscos à vida e ao patrimônio, segurança das operações e evitar o risco de interrupção do negócio.
Desde a fase de elaboração do projeto até a desmobilização, a área de Segurança deve estar 100% envolvida e oferecendo informações que podem mudar inclusive o projeto.
Exemplo 1: Queriam aumentar uma misturadora para produzir um produto da área. O custo era de 30.000 dólares. Quando o projeto foi avaliado pela área de Segurança, notou-se que a misturadora operaria com pós combustíveis e assim, toda a instalação deveria ser à prova de explosão, com isso o projeto passou a ter um custo de 85.000 dólares.
Exemplo 2: A empresa queria alugar 5 armazéns externos e a Segurança ao verificar o local pediu um laudo estrutural para garantir que não havia risco de queda do telhado. O laudo apresentou problemas nas terças do telhado que foram alugados depois de serem reparados.
Queremos mostrar com isso que o contrato é apenas parte do trabalho, e que deve começar muitos meses antes. A Segurança do Trabalho deve acompanhar tudo.
Para que a Segurança do Trabalho dê o seu aval numa contratação, não necessita de muitas coisas não, mas apenas de um Manual do Fornecedor, onde o pessoal de SSMA colocará tudo o que deve ser atendido pelo prestador de serviço ou terceiro.
Este Manual deve conter legislações, procedimentos internos, processo de liberação de trabalho, capacitações, treinamentos, plano de emergência, atendimento a acidentados, apresentação de indicadores, comunicação de irregularidades e desvios, remoção de resíduos, EPIs, mobilização, canteiro de obra, equipamentos e ferramentas com NR 12, desmobilização… enfim, tudo o que precisar ser dito deve ser colocado neste Manual.
Aprofundamento na Análise de Risco Inicial
- Técnicas de Análise de Risco: O PGR e GRO são fundamentais para que o contratado / terceiro conheça dos riscos da empresa e possa ele mesmo mitigá-los para seus empregados.
- Matriz de Risco: Incluir exemplos de matrizes de risco (probabilidade vs. severidade) ajudará a visualizar e priorizar os riscos a serem gerenciados.
- Checklists de Risco: A criação de checklists específicos para cada tipo de serviço terceirizado pode garantir que todos os riscos relevantes sejam considerados.
Detalhamento do Manual do Fornecedor
Modelos de Documentos – incluir todos os modelos de documentos que devem ser exigidos dos terceiros, como:
- PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos)
- PCMSO
- PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção)
- Laudos técnicos (insalubridade, periculosidade, ergonômico)
- Certificados de treinamento e capacitação
- Ficha de entrega de EPI
- Critérios de Avaliação – definir critérios claros de avaliação dos documentos apresentados pelos terceiros, para garantir que atendam aos requisitos legais e internos da empresa.
Tudo acima pode ser modificado e aumentado conforme o contrato, risco e necessidades.
Integração e Treinamento
Detalhar o conteúdo da integração de segurança que deve ser ministrada aos terceiros, incluindo informações sobre os riscos da atividade, os procedimentos de segurança da empresa, os canais de comunicação e os procedimentos de emergência.
- Simulações de Emergência: a inclusão de simulações de emergência nos treinamentos pode preparar os terceiros para agir corretamente em situações de risco.
- Reciclagem: definir a periodicidade da reciclagem dos treinamentos, para garantir que os terceiros estejam sempre atualizados sobre os procedimentos de segurança.
Porém, há alguns pontos que eu gostaria de ressaltar que são de fundamental importância e que geralmente não são inclusos no Manual de Contratado:
- Os EPIs a serem fornecidos aos contratados devem ser os mesmos que a contratada entrega aos seus empregados.
- Em caso de acidente ou descumprimento de norma de atividade crítica, o terceiro passará por nova integração, ficando afastado de suas atividades até a realização dela. Em caso de reincidência, será pedida a substituição do terceiro e os custos de reposição e possível atraso na obra correrão por conta da empresa contratada.
- Todo resíduo gerado pelo terceiro deve ser removido da contratante seguindo a legislação vigente.
- A ficha de EPI a ser entregue como parte da documentação deve conter os EPIs que fazem parte da especificação da contratada.
- A contratante não fornecerá EPI para a contratada.
- Atendimentos de emergências serão realizados pela área de Saúde e os custos serão debitados junto à empresa terceirizada.
- Não aceitar treinamento de cursos online.
- Toda documentação dos terceiros deve ser encaminhada à empresa selecionada para tal e a mobilização depende do atendimento completo das exigências.
- Os padrões de Segurança da contratada devem ser iguais ou melhores que os da contratada.
- Não é aceito trabalho de menores de idade.
- Não é aceita a quarteirização da mão de obra / atividade.
- O contratado pode participar da SIPAT da empresa oferecendo brindes, mas jamais dinheiro.
- Não comunicar ou esconder acidente levará à sanção prevista pela área Jurídica.
- Perdas financeiras causadas por embargo ou interdição causados pelo contratado deverão ser ressarcidos pelo tal à empresa.
- A área de SSMA fará auditorias e inspeções e as irregularidades deverão ser corrigidas.
Auditoria e Inspeção
- Tipos de Auditoria: descrever os diferentes tipos de auditoria que podem ser realizadas (documental, em campo, comportamental) e seus objetivos.
- Checklists de Auditoria: criar checklists de auditoria específicos para cada tipo de serviço terceirizado pode garantir que todos os aspectos relevantes sejam verificados.
- Plano de Ação: definir um plano de ação para corrigir as não conformidades identificadas nas auditorias e inspeções, com prazos e responsáveis.
Comunicação
- Canais de Comunicação: definir canais de comunicação claros e eficazes entre a empresa contratante e os terceiros, para garantir que as informações sobre segurança sejam transmitidas de forma rápida e eficiente.
- Reuniões de Segurança: realizar reuniões de segurança periódicas com os terceiros para discutir os riscos da atividade, os incidentes ocorridos e as medidas preventivas a serem adotadas.
- Feedback: incentivar os terceiros a fornecerem feedback sobre os procedimentos de segurança da empresa, para que possam ser continuamente aprimorados.
Gestão de Incidentes e Acidentes
- Procedimentos de Investigação: descrever os procedimentos de investigação de incidentes e acidentes, para identificar as causas e implementar medidas corretivas.
- Análise de Causa Raiz: utilizar técnicas de análise de causa raiz adotada pela empresa. Inclusive que a condução da investigação do acidente seja feita pela contratante e não pela contratada.
- Lições Aprendidas: compartilhar as lições aprendidas com os incidentes e acidentes ocorridos com todos os terceiros, para evitar que se repitam.
Indicadores de Desempenho
- Definição de Indicadores: definir indicadores de desempenho de segurança específicos para os terceiros, como taxa de frequência de acidentes, taxa de gravidade de acidentes, número de incidentes etc.
- Metas e Acompanhamento: estabelecer metas para os indicadores e acompanhar o desempenho dos terceiros em relação a essas metas.
- Incentivos e Sanções: implementar um sistema de incentivos e sanções (Política de Consequências) para reconhecer e recompensar o bom desempenho dos terceiros em segurança, e para penalizar o descumprimento das normas.
Aspectos Comportamentais
- Observação Comportamental: implementar programas de observação comportamental para identificar comportamentos de risco e promover a cultura de segurança.
- Feedback Positivo: incentivar o feedback positivo sobre comportamentos seguros, para reforçar a cultura de segurança.
- Liderança: desenvolver a liderança em segurança nos terceiros, para que possam influenciar positivamente o comportamento de seus colegas.
Podemos observar que o processo de contratação e gestão de terceiros é complexo e precisamos de muito conhecimento e competência para alcançar altos padrões de excelência.
Etapas de Revisão
Toda contratação de terceiros nasce de um projeto, seja de uma parada, de uma ampliação, reforma, brownfield, greenfield ou um grayfield, entre outros. Assim, o SSMA deve participar das seguintes etapas:
- Escopo do projeto: entender as necessidades / riscos
- Elaboração do memorial descritivo: endereçar as necessidades preventivas e mitigação / eliminação dos riscos
- Padronização / Equalização das propostas comerciais para atender as exigências
- Mobilização
- 30%, 70% e 100% do andamento da obra
- Desmobilização
Para que o projeto alcance seu resultado, é necessário que durante todo este período exista a Gestão de Terceiros por parte da área de SSMA.
ACOMPANHAMENTO EM CAMPO
A presença em campo, observando, auxiliando, corrigindo, comunicando e inclusive aplicando a Política de Consequências (note, não é política de sanção, pois pode haver premiação e não punição), fará parte da postura que o SSMA deverá ter.
A contratada, ao assinar o contrato de trabalho e ter toda a documentação de seus colaboradores aprovada, inicia sua mobilização para uma área previamente determinada pela empresa contratante. É certo que eles já deram ciência de todas as exigências que foram incluídas no Manual do Fornecedor, assim, passamos para a fase de aprendizagem e implementação. Neste ponto é fundamental estarmos abertos para escuta ativa e colaboração.
Dia a dia, devemos estar acompanhando atividades, mas não como um policial, mas como um profissional sério e comprometido com todos e com o resultado. Este papel nem sempre é fácil, pois há muitos interesses em campo e todos querem o melhor no menor custo e da forma mais fácil e rápida. Porém, o que foi combinado não custa caro e a postura do TST deve ser firme e amigável ao mesmo tempo.
Já falei e repito aqui mais uma vez, este é o programa ou procedimento mais difícil de ser escrito, implementado e acompanhado de todas as áreas que englobam as áreas de SSMA: o de Gestão de Terceiros.
Poderíamos ficar aqui por muito mais tempo, entrando em detalhes e inclusive o atendimento a outras áreas, como por exemplo a área de Meio Ambiente, mas a ideia inicial é trazer à tona a importância do conhecimento profundo da gestão de terceiros por parte do pessoal de SSMA, como forma de atender todas as necessidades.
CONCLUSÃO
Este guia abrangente sobre a Gestão de Terceiros em SSMA representa um investimento estratégico para as empresas que buscam otimizar seus processos, proteger seus ativos e garantir um futuro sustentável.
Ao priorizar a prevenção de riscos, a conformidade legal, a proteção dos trabalhadores, a responsabilidade ambiental e o engajamento de todos os envolvidos, as organizações podem transformar a terceirização em uma vantagem competitiva, impulsionando o sucesso de seus negócios e construindo um legado de excelência em segurança, saúde e meio ambiente.
Implementar as práticas delineadas neste guia não é apenas uma questão de cumprir regulamentos, mas sim de construir uma cultura de responsabilidade e cuidado que permeia todas as operações, garantindo um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos.
Este Guia (quase) completo é um incentivo para que o profissional identifique as especificidades da atividade de sua empresa e incessantemente busque eliminação, mitigação ou medidas de prevenção de riscos.